Contribuição de Aluisio Ferrante
Introdução
Um padrão identificado nos proprietários da linha DS, principalmente nos DS3 por serem mais esportivos, é aquela vontade de meter a mão na massa e realizar algumas melhorias de potência e performance.
O motor THP, turbo de fábrica, é praticamente um convite para um remapeamento (ou chip piggyback), filtro ou escape esportivo.
Esse guia tem a intenção de ser uma introdução, informando sobre os possíveis up's básicos na linha DS. Ele é baseado principalmente na experiência prática pessoal e de amigos do Clube.
O mundo da preparação é extenso e não possui uma regra exata de upgrades VS ganhos, há até uma lenda antiga que diz que não existe nada mais diferente do que dois motores iguais.
Então se você é iniciante nesse mundo de otimizar seu carro, use o guia como referência, não como verdade absoluta. Um dos grandes prazeres desse hobby que tanto drena nossas carteiras é fazer tudo ao seu próprio gosto pessoal, afinal são alterações pós linha de montagem, certo?
Upgrades VS Desgaste Precoce
Um dilema comum aos marinheiros de primeira viagem é pensar se um upgrade pode diminuir a vida útil do motor e outros componentes mecânicos.
Falando mais especificamente de motor, ele possui uma margem de segurança de robustez criada pelos engenheiros pensando nas variáveis possíveis que ele pode sofrer em diferentes mercados. Gasolina ruim, proprietários descuidados, regimes de uso severo e N fatores são "absorvidos" nessa margem de segurança. Motores diferentes possuem diferentes margens e no caso específico do THP ele tem aguentado bem a maldade nos nossos amigos mais hardcore.
Relatos nos fóruns estrangeiros dizem que 300 cv no motor é um limite razoavelmente seguro.
O uso e o carinho que você tem no carro talvez sejam os fatores que mais irão te garantir uma tranquilidade e confiança na mecânica. Um carro com up's básicos, mas com trocas de óleo (nas especificações corretas) a cada 5 mil km, todos os filtros trocados no tempo correto, sem roleta russa de gasolina adulterada em postos desconhecidos e manutenção cuidadosa tem tudo para ter a mesma ou MAIOR confiabilidade do que um carro original, mas mal cuidado.
O tem tudo em negrito da frase anterior é para frisar que carros são máquinas e todas são passíveis de quebras. Mas elas costumam corresponder carinhosamente o cuidado investido nelas.
Filtro de Ar
Um item básico e barato é a troca do filtro por um modelo esportivo. Ele deixará mais ar ser admitido e te ajudará a ganhar potência em conjunto com outros upgrades, como o remap.
Ele pode ser inbox, instalado exatamente no mesmo local do filtro original ou cônico/cilíndrico usado em conjunto com um intake. O intake (nome bonito é Short Air Ram) é um cano curto de aço, alumínio ou silicone instalado na boca da turbina. Ele ajuda a captar mais ar e alguns dizem até auxiliar o turbo encher mais rápido e ter menor queda de rotação das pás. Um efeito consequente, e desejado por muitos do intake é o espirro do turbo.
Marcas mais comuns filtro esportivo: K&N, Inflow, etc. Valor médio: de R$ 180 até R$ 400.
Marcas mais conhecidas de intake: Forge, Supercooler e você pode também mandar fazer em alguma loja de escapamentos. Valor médio do intake: de R$ 500 até R$ 1.500.
Remapeamento / Piggyback
Essa definitivamente é a modificação campeã no custo benefício em motores turbo. Vamos por categoria:
Remapeamento é a modificação de alguns parâmetros da própria ECU (central) do carro. O remap permite modificações e personalizações mais profundas como alteração pressão do turbo e de ponto, por exemplo. Existem diversos preparadores que efetuam o serviço, o mais conhecido e de confiança do Clube é o Pixel, da P9 Power Factory, com vasta experiência em franceses e em THP's - valor médio: a orçar com a preparadora, mas em torno de R$ 2.000.
Piggyback são chips bypass, que interceptam e devolvem o sinal do motor. A vantagem é que são facilmente instalados e retirados, não deixando rastros. A desvantagem é que alteram menos parâmetros, então acabam direcionando o foco para a pressão do turbo. De modo geral geram menos potência do que um remap bem feito - valor médio: de R$ 1.800 até R$ 2.800.
Válvula de Prioridade ou Diverter Valve
Em breve teremos uma matéria que abordará mais tecnicamente o funcionamento da peça e as possibilidades de melhoria, então vamos focar no básico aqui. Essa válvula é parte essencial do sistema do turbo e nos DS's originais é feita de uma membrana de silicone, que se realizado o Remap, pode não aguentar a pressão extra.
O problema gerado pode ser desde um aviso "SERVICE" no seu painel até a DV original se romper e levar pequenas partes para as pás da turbina, o que definitivamente você não quer.
Esse up é essencial para quem for realizar o remap ou a utilização de um chip piggyback.
Marcas conhecidas e acessíveis: GFB DV+, Forge e Automix, que é nacional e tem algumas opções entre mais simples e complexas/eficientes.
Valor médio: de R$ 800 até R$ 2.000.
Freios
No sistema de freios temos inúmeras possibilidades, algumas listadas abaixo:
- Pastilhas: As originais de fábrica Bosch são boas, mas caras nas concessionárias. Algumas opções interessantes na substituição são: EBC (Green, Yellow, Red e Blue) e Powerbrakes (nacionais e boas, com uma versão de rua e outra de pista). Valor médio: de R$ 200 até R$ 500.
- Linha de freio: Elas transferem a força hidráulica de seu pedal e cilindro mestre para os cilindros que empurram as pastilhas contra o disco. As originais se dilatam um pouco nesse processo, diminuindo o feeling do pedal. Uma otimização é a troca pelo que é conhecido popularmente como aeroquip, que não se dilata tanto quanto a original. Isso melhora a sensibilidade do pedal e a alicatada na pastilha. Valor médio: de R$ 800 até R$ 2.000.
- Fluído: Quem já jogou Gran Turismo conhece esse up. Basicamente se troca o fluído original por um com especificações melhores, como ponto de ebulição mais elevado, garantindo uma boa frenagem, sem fading, em condições mais exigentes como track day. Um produto popular é o Pentosin Racing, com valores de R$ 100 até R$ 200. Dica: vale a pena ler as entrelinhas, nem sempre um DOT 5.1 é melhor que um DOT 4.
- Troca dos componentes: o seu bolso é o limite, atingindo marcas como Brembo e Wilwood. Uma opção plug'n'play e eficiente é a troca do sistema dianteiro (discos, pastilhas e pinças) pelas da Gran Picasso ou Peugeot 3008. As pinças e pastilhas são razoavelmente maiores e os discos pulam de 283 mm para 302 mm. Esse conjunto, já com os reparos, tem um valor médio de R$ 1.500 até R$ 2.000.
Dica: aparentemente os primeiros Peugeot 3008 no Brasil vieram com discos de 283 mm, então cuidado na compra.
Shortshifter
Apenas para o DS3, naturalmente. O curso da alavanca do câmbio manual não é dos piores, mas pode ser encurtado. Esse up não irá fazer grande diferença nos segundos de volta em um track day, mas com certeza aumentará o prazer ao dirigir.
Essa é uma peça plug'n'play que substitui a original. Duas marcas conhecidas: MTech, importada e a Automix, nacional. Valores de R$ 500 até R$ 800.
Escapamento
Vamos dividir entre dois segmentos:
- Downpipe é o primeiro trecho do escapamento, logo após a caixa quente da turbina e é onde fica localizado o catalisador, que é restritivo ao sistema. Um downpipe upgrade pode ser livre, sem catalisador ou com catalisador esportivo, que permite maior fluxo de gases. O uso do downpipe aliado a um remap pode gerar ganhos interessantes, de até ~15 cv no motor. Dica: a troca por um downpipe livre sem realizar o remap ou sem um prolongador de sonda pode fazer acender a luz de injeção no painel do veículo - valores médios de downpipe livre, sem restrição: de R$ 500 até R$ 1.500.
- Catback é o termo inglês que significa depois do catalisador. No sistema original do DS3, por exemplo, existem dois abafadores, um intermediário e um final. As alterações podem ser: aumentar o diâmetro, tirar ou trocar o abafador por um esportivo, alterar o material para aço inox, etc. Essa modificação é extremante pessoal e diretamente relacionada ao volume do ronco que o proprietário deseja. De forma geral não é necessário um diâmetro maior que 2,5" para um carro sem up de turbina - valores começam por volta de R$ 800, dependendo do serviço que é realizado.
Intercooler e hardpipe
Esse não é um up básico, então só direi que não é essencial e não fará diferença significativa se não possui up de turbina. Em breve teremos matérias explicando esses itens.
Stage 1, Stage 2, Stage 3...
Você tem lido em diversos grupos esses termos e não faz ideia do que é? Vamos explicar (ou tentar, nem sempre existe padrão):
Stage 1: Geralmente a combinação de remap + filtro esportivo;
Stage 2: Além de remap e filtro, se utiliza o downpipe;
Stage 3: Adiciona up de turbo, escape e/ou Intercooler.
Como esse primeiro guia é focado no básico, ficamos por aqui.
Fonte: http://www.dsclube.com/magazine/2017/02 ... -upgrades/" onclick="window.open(this.href);return false;
